Resoluções de Ano Novo? Sem medos, venham elas!

15/12/2020

2020 está a chegar ao fim (e que ano este…) e é por esta altura que a maior parte das pessoas (e das empresas, grandes ou pequenas) fazem o seu balanço, para perceber o que correu bem, o que correu mal (ou menos bem) e o que se pode melhorar.

 

Só que fazer balanços em anos como este (ainda vou no primeiro parágrafo e já usei esta expressão duas vezes, tal não é a singularidade do “bicho”…!) não é pera doce e intimida até os “maiores”.

 

Veja-se, por exemplo, o YouTube (subsidiária do gigante Google, como se sabe) que emitiu um comunicado em meados de novembro, dizendo que este ano não iria produzir o seu vídeo comemorativo de recapitulação (YouTube Rewind), com que termina cada ano desde 2010, porque “não lhe parece apropriado, dado o caos de 2020”. Mas vamos lá então por partes.

 

O que correu bem é profundamente pessoal (mesmo a nível empresarial) e como “foi bom” será relativamente fácil a cada um identificar, certo? Hummmm… Se lhe saltou um sim da ponta da língua a esta pergunta, talvez seja melhor pensar duas vezes. Em anos como o que agora acaba (e, mais uma vez, que ano este…), em que os desafios foram mais que muitos e resiliência a palavra de ordem, nem sempre é fácil “olhar e ver” as coisas que correram bem nas nossas vidas, nos nossos negócios. Talvez não tenham sido muitas, com certeza terão sido menos do que as que correram “mal” mas, mais que não seja, a bem da sanidade mental de cada um, há que identificá-las. É claro que a sua razão de grandeza pode não ser exatamente aquela que queríamos, mas ainda assim elas estão lá, é só uma questão de as conseguir identificar.

 

Quanto ao que correu mal, já ouço um coro de vozes em uníssono que diz, sem dúvida nem hesitação, “a Covid”. Atenção, não me entendam mal, de “negacionista” não tenho nada: o SARS-CoV-2 (coronavírus, para os amigos) é real; a Covid-19 é real. Foi de facto “O” acontecimento de 2020, mas não será redutor “enfiar todos os males do mundo” numa só partícula microscópica? (chamava-lhe microrganismo, mas a verdade é que a comunidade científica está, há já algum tempo, dividida na sua definição de vírus, e há muitos reticentes em chamar “organismo vivo” a uma espécie de membrana celular com material genético lá dentro, desprovido de células e de estruturas celulares ou organelos, sem metabolismo próprio e incapaz de se reproduzir de maneira independente). Talvez, se olharmos mais de perto para os nossos “mundos”, sejamos surpreendidos com a visão de que a Covid-19 foi só “a cereja no topo do nosso bolo”, cujas camadas e ingredientes nós já tínhamos previamente preparado e cuidadosamente colocado no lugar. Mais uma vez, atenção: eu não estou a dizer que foi isto que aconteceu no seu caso particular, estou apenas a “pedir-lhe” que olhe para o tal “seu mundo”, considerando esta como uma possibilidade.

Se é, por exemplo, dono de uma pequena empresa, quantas vezes (ainda nos tempos pré-Covid) lhe sugeriram acrescentar isto ou mudar aquilo na forma como vendia, nos canais que utilizava, na maneira como conduzia o seu negócio (e a sua vida)? Mais do que as que gostaria de admitir, certo? E aposto consigo que a sua resposta às tais sugestões foi (90% das vezes) qualquer coisa como “porquê, se eu sempre fiz as coisas assim e sempre funcionou?”. Por isso volto a perguntar (volte a perguntar-se): foi mesmo o coronavírus o único responsável por tudo o que de mau aconteceu este ano? E agora, como é de balanços que falamos, some os positivos, subtraia os negativos, e chegue ao seu resultado final.

 

Por outro lado, é também por esta altura do ano (e não, não vou voltar a dizer que este foi um ano daqueles, pois acredito que a esta altura do campeonato, já o deixei bastante claro!) que se pensa o ano que vem. Reflete-se, planeia-se, programa-se e tomam-se decisões importantes (que juramos cumprir, como promessas solenes como a nós próprios). Vamos começar a fazer exercício físico (não é à toa que os ginásios são um dos exemplos clássicos de como dividir um orçamento de marketing de acordo com as necessidades e especificidades de cada negócio!), vamos aprender uma língua nova (porque assim seremos capazes de comunicar com ainda mais pessoas e clientes do mundo inteiro sem precisar do Google Tradutor), vamos tirar aquele curso online para conseguir dominar melhor as redes sociais e o SEO do nosso website, vamos… enfim, vocês perceberam a ideia.

E agora, cá para nós que ninguém nos ouve, quantas das resoluções de Ano Novo que “tomou” para este ano efetivamente levou avante em 2020? E não me venha com tretas de que só não aconteceu por causa da Covid-19, que tenho a certeza que até março – esses maravilhosos tempos pré-coronavírus! – ainda não tinha arrancado com nenhuma, ou já tinha começado, aguentado um mês, e graciosamente desistido por “falta de tempo” (lá está o exemplo dos ginásios, outra vez!). Se calhar, até já nem se lembra de quais foram!

 

Talvez, a grande resolução de Ano Novo que todos precisamos tomar (quer a título pessoal, quer ao nível dos negócios) é a da aceitação da mudança.

 

Mas vamos lá ser honestos, a mudança é tramada e a grande maioria dos seres humanos foge dela (como o diabo da cruz!) sempre que pode. Como ouvi há pouco tempo num webinar (dos muitos que populam agora a internet e as nossas vidas): a mudança, do ponto de vista estritamente biológico e fisiológico, por exemplo, gasta energia e, como o nosso organismo procura sempre reduzir este dispêndio, faz sentido que a evitemos.

E as cinco fases da dor, do luto, ou da reação à tragédia/catástrofe eminente, tais como descritas no (largamente aceite) modelo de Elisabeth Kübler-Ross (negação, raiva, negociação, depressão e aceitação) são também as que passamos na perspetiva de uma mudança. Mais uma vez, parece pois lógico que a combatamos e que a tentemos evitar a todo o custo, não?

Mas, não fora a mudança, onde estaria hoje a humanidade? Teríamos partido em busca de novos mundos, mar afora (com tudo o de bom e de mau que isso implicou)? Teria havido uma revolução industrial, que lançou as bases para a sociedade moderna, tal como a conhecemos (mais uma vez, com o que isso tem de positivo e negativo)? E a monarquia, teria sido substituída pela república? E a ditadura de Salazar e Marcelo Caetano, pela democracia?

 

Então, se calhar, algumas mudanças são positivas (e fazem mais parte das nossas vidas do que aquilo que pensamos). E as que não são, permitem-nos ainda assim aprender alguma coisa com isso. Se tem um pequeno negócio, este ano exigiu mais de si do que qualquer outro, principalmente porque “o mundo” lhe pediu que, de ontem para hoje, ele (o seu pequeno negócio) se tornasse digital.

Em abril, num dos textos “pandémicos” que produzi, falei justamente disso: do caos em que as pequenas mercearias de bairro, os talhos, o comércio local estavam, perdidos neste admirável mundo novo do marketing digital. E se houveram muitos que, entre essa altura e agora, se adaptaram e abraçaram a mudança, às vezes tendo pouco mais que a criatividade com que trabalhar (e sejamos honestos, que se há povo inventivo e desenrascado felizmente somos nós, portugueses!), outros tantos continuam a resistir e a abanar a cabeça dizendo que “não têm como fazê-lo”.

Neste fim de ano em que um pouco por todo o lado surgiram os apelos às compras de Natal no comércio local (até o Facebook criou uma campanha e um hashtag específicos: #DoceNatalCompreLocal!) quantos foram os que se “arriscaram” a embarcar nesta aventura da mudança e da digitalização?

 

“Aceitar encomendas e compras online? Ó senhora, deixe-se lá disso, que eu não tenho dinheiro para mandar cantar um cego, quanto mais para montar uma loja online…” – mas se calhar usa as redes sociais onde pode colocar os seus produtos, tem Facebook Messenger, Instagram Direct ou outra forma de receber mensagens (encomendas!) privadas (nem que seja um telemóvel, que não há cão nem gato que não tenha hoje em dia), não?

 

“Entregas? E quantos empregados mais precisava eu para fazer isso?” – se calhar aquele que tem chega, se preparar as encomendas recebidas nas horas mais paradas ou até depois do fecho do estabelecimento, à porta fechada, e as entregar, no dia seguinte, num horário pré-estabelecido (ou não), à porta da loja ou até no carro do cliente que ali pára para as receber.

 

“E os pagamentos? Caem do céu aos trambolhões, querem lá ver?” – por acaso até caem (por assim dizer!) e nem vou começar a enunciá-los, porque entre MBWay, PayPal, transferências bancárias e afins, as possibilidades são tantas que este texto nunca mais acabava e o leitor terá certamente melhores coisas a fazer com a sua vida!

 

Se calhar a questão não será tanto “o que pode”, mas “o que quer” fazer… E tem que querer. Se quer sobreviver, se quer continuar, se quer crescer, tem mesmo que querer (por favor), porque este meu Algarve, a minha região, a minha cidade, a minha rua, a nossa comunidade precisa de si, precisa do seu negócio local.

 

Mudança. Já dizia Camões, que todo o mundo é composto dela e que “afora este mudar-se cada dia, outra mudança faz de mor espanto: que não se muda já como soía.”

Faça pois dela a sua resolução de Ano Novo e tenha um bom 2021!

Três raparigas que adoram trabalhar juntas na área do marketing digital e que também escrevem umas coisas! Se o que leu faz sentido para si, e se a sua empresa precisa de estratégias reais de marketing digital para alcançar e manter uma posição de sucesso online, fale connosco!